19 de abril de 2024

Só deu Brasil na Austrália

0

Filipe Toledo derrotou Jordy Smith e subiu para terceiro no ranking Mundial, Tatiana Weston-Webb bateu a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore com o Brasil dominando a perna australiana com quatro vitórias nas três etapas. A última é o Rip Curl Rottnest Search que começa no próximo domingo

Tatiana Weston-Webb e Filipe Toledo. Foto: Cait Miers/WSL

Só dá Brasil na “perna australiana” do World Surf League Championship Tour 2021, agora conquistando os dois títulos do Boost Mobile Margaret River Pro apresentado pela Corona. Filipe Toledo festejou sua oitava vitória da carreira derrotando o sul-africano Jordy Smith e subiu para o terceiro lugar no ranking, que continuou com Gabriel Medina em primeiro e Italo Ferreira em segundo.

E Tatiana Weston-Webb venceu a heptacampeã mundial Stephanie Gilmore na decisão feminina, para completar o domínio verde-amarelo nas grandes ondas da segunda-feira em Main Break. A gaúcha assumiu a vice-liderança no ranking com seu segundo título em etapas do CT e a seleção brasileira segue favorita para a última etapa da Austrália, o Rip Curl Rottnest Search, que começa no próximo domingo em Rottnest Island.

“Foi um sentimento incrível. O evento foi difícil, mas bem divertido surfar tantas baterias boas com tantos surfistas bons”, disse Filipe Toledo. “Essa vitória é especial, porque eu prometi para minha esposa e para o meu filho, Koa, que eu ia vencer para levar esse troféu para ele de aniversário que está comemorando hoje (segunda-feira). A missão foi cumprida e amo muito vocês e a minha família toda. Feliz Dia das Mães para a minha mãe, minha esposa e para todas as mães. Sem vocês a gente não estaria aqui. Me sinto abençoado com essa vitória e só tenho que agradecer por ter tido essa oportunidade”

Essa era a terceira final que Filipe Toledo enfrentava Jordy Smith e já tinha vencido as outras, no Oi Rio Pro de 2019 em Saquarema e o Hurley Pro at Trestles de 2017 no palco da decisão do título mundial deste ano, que será disputado pelos top-5 do ranking no Rip Curl WSL Finals, em setembro nas ondas de Trestles, na Califórnia, Estados Unidos. A vitória em Margaret River valia o terceiro lugar no ranking, que estava com John John Florence. Agora, o Brasil aumenta a supremacia com Gabriel Medina em primeiro, Italo Ferreira em segundo e Filipe Toledo em terceiro lugar. O havaiano caiu para quarto e Jordy Smith fecha o grupo dos top-5 no momento.

“Com este resultado, dei um pulo grande no ranking”, destacou Filipe Toledo, que saltou do oitavo para o terceiro lugar na classificação geral das quatro etapas. “O mais importante é ser consistente nos eventos. Não é sempre que se ganha, mas é importante estar sempre chegando nas finais, ou semifinais, para me manter entre os top-5. Esse é o meu foco, chegar no final do ano entre os top-5 que vão disputar o título mundial em Trestles”.

Os brasileiros venceram todas as três etapas da “perna australiana”. O domínio absoluto começou com Italo Ferreira ganhando uma final verde-amarela com Gabriel Medina no Rip Curl Newcastle Cup em Newcastle. Depois, Medina venceu a segunda em Sidney, com Tatiana Weston-Webb sendo vice-campeã no Rip Curl Narrabeen Classic. Agora, deu dobradinha com Filipe e Tatiana conquistando os dois títulos do Boost Mobile Margaret River Pro

“Eu nem consigo explicar essa sensação incrível que estou sentindo”, disse Tatiana Weston-Webb. “A Steph (Gilmore) é uma das melhores surfistas de todos os tempos que sempre admirei muito, então foi incrível enfrentá-la em uma final. Você não costuma surfar contra uma surfista sete vezes campeã mundial e estou muito grata por ter vencido, depois de terminar em segundo lugar no último evento (em Sidney)”.

Filipe Toledo. Foto: Mattt Dunbar/WSL

A gaúcha dominou a final contra Stephanie Gilmore desde a sua primeira onda, mas a decisão masculina começou com Jordy Smith na frente com nota 8,00 numa onda destruída pela força das suas manobras. A primeira do Filipe valeu 6,67 e o sul-africano logo consegue um 6,00. O brasileiro entra na briga pegando uma onda melhor para usar sua variedade de manobras modernas e progressivas, invertendo a direção da prancha e jogando a rabeta para abrir grandes leques de água a cada ataque e assumir a ponta com nota 8,33

O sul-africano passa a precisar de 7,01 pontos, mas é o brasileiro que pega outra onda que passa por ele. Ela era grande e ele vai lá na base, sobre para abrir um lindo arco, emendando com uma batida forte e um pancadão na junção, para ganhar 9,00 dos juízes. Com essa nota, abriu 9,33 pontos de vantagem há 15 minutos do fim da bateria. Jordy troca sua nota 6,00 por 6,23, mas logo Filipe surge destruindo outra onda com uma rasgada gigante de saída e mais uma para preparar o ataque na junção, completando a finalização para trocar o 8,33 por 8,40. Jordy passou a precisar de 9,40 para vencer, só que não entrou mais ondas com potencial para tirar uma nota tão alta assim e a vitória brasileira foi confirmada por 17,40 a 14,23 pontos.

“Foi uma grande semana”, disse Jordy Smith. “Eu sempre gosto de vir aqui para o West Australia, por causa das ondas como as que tivemos aqui durante todo o campeonato. Eu me diverti bastante hoje e estava feliz por chegar a uma final pela primeira vez aqui. Eu só preciso voltar a ganhar uma etapa, mas estou mais animado e quero manter esse ritmo lá em Rottnest Island. Quem sabe, eu tenha mais sorte lá”

Jordy Smith. Foto: Matt Dunbar/WSL

Jordy Smith era o segundo surfista da África do Sul derrotado por Filipe Toledo no último dia do Boost Mobile Margaret River Pro. O primeiro foi o novato na elite do CT, Matthew McGilliivray, nas semifinais. Filipe também usou a variação das manobras como ponto forte para tirar as maiores notas da bateria. Quando o sul-africano entrou na briga com 6,67, o brasileiro pega uma onda maior, faz uma longa cavada para subir a parede e mandar uma rasgada puxando pra dentro, emendando com um carving muito forte e uma pancada na finalização. Os juízes dão nota 7,83 e logo pega outra, rasga forte na primeira manobra, faz outra e ataca a junção para somar 7,33 na vitória por 15,16 a 13,74 pontos.

CAMPEONATO BRASILEIRO – Até enfrentar os dois sul-africanos, Filipe Toledo vinha praticamente disputando um campeonato brasileiro nas ondas de Margaret River. Ele estreou no evento derrotando o paranaense Peterson Crisanto e o australiano Connor O´Leary. Depois, passou pelo paulista Miguel Pupo na terceira fase, por Jadson André nas oitavas de final e pelo também potiguar Italo Ferreira nas quartas de final, no seu primeiro desafio da segunda-feira.  

A bateria contra o campeão mundial não começou bem, com ambos errando as manobras. Italo chega a sair do mar para trocar de prancha após a terceira onda que tentou surfar. Filipe pega a primeira boa, rasga forte de frontside no topo da onda invertendo a direção da prancha, emenda com um cutback, outra rasgada e um floater na finalização. Ele ganha 6,00 nessa onda e Italo responde com um longo arco de backside, faz uma segunda manobra e ataca a junção com muita potência, assumindo a liderança com nota 8,00. 

Tatiana Weston-Webb. Foto: Matt Dunbar/WSL

O potiguar passa a pegar uma onda atrás da outra para tentar aumentar a vantagem, mas Filipe escolhe uma boa, despenca num drop difícil e faz um carving muito forte, um floater para ganhar a seção e ataca forte a junção para finalizar sua melhor onda. Ele recebe nota 7,90 e vira o placar para 13,90 a 13,73 pontos há 7 minutos do fim. Italo fica precisando de 5,90 para vencer e falha na primeira tentativa. A prioridade de escolha da próxima onda fica para o Filipe e Italo até pega uma no último minuto, mas não muda o resultado e o campeão mundial termina em quinto lugar no Boost Mobile Margaret River Pro

NOVE FINAIS NO CT – A experiente heptacampeã mundial já tinha disputado 46 finais e uma foi com Tatiana Weston-Webb em 2018, vencendo o Rip Curl Pro Bells Beach lá mesmo na Austrália. A brasileira chegava em sua nona decisão de título em etapas do CT e só tinha uma vitória, no Vans US Open of Surfing de 2016 em Huntington Beach, na Califórnia. Tatiana vinha de um vice-campeonato na etapa passada, o Rip Curl Narrabeen Classic em Sidney, contra a californiana Caroline Marks. Em Margaret River, também tinha feito a final da última etapa lá em 2019 e perdido para a americana Lakey Peterson.

Agora era a hora de vencer e ela começou muito forte, com nota 8,50 numa onda grande, que inicia rasgando forte e atacando a junção abrindo um grande leque de água com um batidão de backside. A brasileira pega outra onda para somar nota 5,00 com duas manobras. A australiana demora um pouco, mas escolhe uma onda boa, manda uma batida forte e uma rasgada para entrar na disputa do título com 6,83 e logo consegue uma nota 6,00. 

Tatiana prefere aguardar pela onda boa e escolhe uma da série, manda uma batida embaixo do lip, faz uma rasgada e completa um ataque na junção muito difícil. Os juízes dão 7,73 e a australiana passa a precisar de 9,40 para vencer nos 5 minutos finais. Stephanie já tinha conseguido um 9,50 na quarta de final contra Tyler Wright e pega uma última onda para fazer grandes manobras. Ela até recebe sua maior nota, 8,17, mas não tira a vitória de Tatiana Weston-Webb, que festeja bastante o título conquistado por 16,23 a 15,00 pontos.

TOP-10 DO RANKING 2021 DA WORLD SURF LEAGUE – 4 etapas:
1.o- Gabriel Medina (BRA) – 28.920 pontos
2.o- Italo Ferreira (BRA) – 24.150
3.o- Filipe Toledo (BRA) – 20.735
4.o- John John Florence (EUA) – 19.395
5.o- Jordy Smith (AFR) – 19.185
6.o- Griffin Colapinto (EUA) – 16.820
7.o- Kanoa Igarashi (JPN) – 16.130
8.o- Ryan Callinan (AUS) – 14.140
8.o- Conner Coffin (EUA) – 14.140
10.o- Frederico Morais (PRT) – 14.055
———–outros brasileiros:
12.o- Caio Ibelli (BRA) – 11.290 pontos
13.o- Yago Dora (BRA) – 10.725
15.o- Jadson André (BRA) – 10.225
17.o- Peterson Crisanto (BRA) – 9.300
20.o- Deivid Silva (BRA) – 8.735
23.o- Adriano de Souza (BRA) – 7.670
25.o- Miguel Pupo (BRA) – 7.310
31.o- Alex Ribeiro (BRA) – 4.255

TOP-10 DO RANKING FEMININO DA WORLD SURF LEAGUE:
1.a- Carissa Moore (EUA) – 29.970 pontos
2.a- Tatiana Weston-Webb (BRA) – 26.495
3.a- Stephanie Gilmore (AUS) – 22.035
4.a- Caroline Marks (EUA) – 21.305
5.a- Tyler Wright (AUS) – 19.965
6.a- Sally Fitzgibbons (AUS) – 18.185
7.a- Johanne Defay (FRA) – 16.845
8.a- Isabella Nichols (AUS) – 16.200
9.a- Courtney Conlogue (EUA) – 14.485
9.a- Bronte Macaulay (AUS) – 14.485
9.a- Keely Andrew (AUS) – 14.485

Fonte> João Carvalho – WSL Latin America Media Manager

About Author

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *