Em Tubarão (SC) pranchas de surf são fabricadas sem agredir o meio ambiente
Catarinense cria prancha de surfe com resina de mamona que não utiliza material nocivo a saúde e a natureza
Por Suzana Camargo
Publicado em Conexão Planeta
‘Poucos esportes evocam tanto a harmonia entre homem e natureza como o surfe. Sobre a prancha, o surfista desliza sobre as ondas. As domina, mas também as respeita.’
Apesar do esporte sempre ter tido uma aura de ‘paz e amor’, ele movimenta um mercado bilionário. Estima-se que a indústria global do surfe gere algo em torno de US$ 7,3 bilhões por ano. E somente o segmento de pranchas e acessórios representa quase metade deste número.
Mas quão sustentável é este mercado? “Não muito“, segundo o shaper catarinense Mario Ferminio. Apaixonado pelo surfe desde os 15 anos, ele fez do esporte sua profissão – no Brasil e na Europa. De acordo com seus cálculos, já fabricou mais de 10 mil pranchas ao longo da vida.
“Os dois tipos de resina que são usadas em pranchas de surfe hoje no mundo são químicas, ambas vindas do petróleo”, explica Ferminio. “Elas utilizam ou resinas de poliéster, altamente danosa para o ser humano e meio ambiente, ou epóxi, que apesar da baixa toxidade, possui um componente muito debatido hoje em dia, o bisfenol A”.
A busca por alternativas mais naturais: Resina de mamona
Este último é um composto sintético, que não existe na natureza, usado na fabricação de plásticos e revestimentos de outros materiais, que segundo pesquisas, sua presença no organismo humano pode causar problemas neurológicos, anomalias hormonais e até, câncer de mama e próstata. Desde 2012, ficou proibida no Brasil a importação ou fabricação de mamadeiras que contenham bisfenol A (BPA).
Determinado a desenvolver uma alternativa mais natural e sustentável, o shaper começou a trabalhar com uma resina vegetal proveniente da mamona. “Ela já era usada para outras finalidades, mas não em pranchas. Quando comecei a fazer testes, encontrei muitos problemas, até chegar ao produto que tenho hoje”, conta.
Ferminio diz que seu principal objetivo era ter uma prancha feita com resina vegetal que fosse leve, forte e bem acabada. E o mais importante: “Algo que não tenha necessidade de química envolvida e que você possa laminar sem ter liberação de gases tóxicos. Lixar e não ter poeiras tóxicas, o que é fantástico”.
De acordo com o catarinense, outra diferença na fabricação com a resina vegetal e a epóxi é o tempo ‘de cura’ da prancha – o quanto ela leva para ficar seca, mas não totalmente dura. No caso do óleo de mamona, são 30 dias, um tempo maior de espera se comparada à sintética, de 20 dias.
“Esta resina dá para laminar tudo. Prancha de surf, kite, SUP, windsurf. Nunca imaginei achar uma resina tão importante para substituir as atuais. É um passo gigante em direção à sustentabilidade”, garante o shaper.
De Tubarão (SC) para um planeta mais sustentável: ‘Prancha verde’ até na cor
A produção das primeiras pranchas está sendo feita em um galpão, na cidade de Tubarão, onde mora. Ferminio criou uma página no Facebook, a Folha by Ferminio, através da qual é possível acompanhar seu trabalho. As pranchas com a resina de mamona são todas verdes. “A cor da ecologia. Porque verde é vida”, diz.
E quando não está no galpão, sonhando alto com sua invenção, pelo menos duas vezes por semana, o surfista e shaper está no alto das ondas do mar catarinense.
Quem é Marcio Fermínio?
“Nasci em Laguna, e sempre é bom falar um pouco de minha historia pelo mundo do surf, vale a pena a leitura, só assim evoluímos e crescemos. Sou o único shaper no mundo a conseguir fazer parte das duas principais mudanças na fabricação de pranchas.
Em 89 decidi ir para Europa, passei pela Inglaterra, e logo depois fui para Franca, la fui direto para a melhor bechbreak da Europa, Biarritz. Conheci uma fabrica que estava a 10 anos desenvolvendo pranchas epoxi PROJECT SURFBOARD, e muito a frente de americanos e Australianos, com isso conseguiram chegar nos principais surfistas da época, como já estava dentro da fabrica, pois eles me aceitaram e queriam que eu aprendesse tudo sobre epoxi, fui ensinado pelos melhores do mundo.
E foi em 89 que suas pranchas ganharam o mundo, nomes como Cheyne Horan, Nick Wood, Damien Hardmam, Barton Lynch, Tom Carrol, Kelly Slater etc, e os brasileiros Fabio Gouveia, Carlos Burle, Magnus Dias, Fellipe Dantas etc…testaram suas pranchas. Mas foi no ano seguinte que elas explodiram no mundo, quando Tom Correm ganhou Arena Surf Master com uma prancha do design Stark, mas com o shaper do Australiano Maurice Cole mas em epoxi.
Em varias entrevistas dadas pelo seu técnico Derek Hynd, disse que essa prancha foi onde ele conseguiu sua melhor performance naquele ano, onde Tom conseguiu seu terceiro titulo mundial. O shaper Maurice Cole podia ter feito a primeira grande mudança, pois tinha produto e design, mas no ano seguinte, estive la e a informação que tive sobre ele, a prancha de poliuretano era mais fácil de fazer, epoxi mais complexo, ele vendia bem ambas as pranchas, e optou pelo mais fácil, mas foi na Franca onde tudo isso de prancha epoxi começou.
Em 89 voltando ao Brasil já tinha largado as pranchas de poliuretano, e comecei uma árdua caminhada de provar que as prancha em epoxi eram melhores, menos toxicas, o primeiro profissional a testar minha epoxi foi Ricardo Tatuí, e logo depois vários cariocas testaram.
Nessa época a comunicação era muito deficitária, e não consegui levar a diante, com isso somente em 94 conheci outro grande nome do surf nacional, Neno Matos, do Guaruja, onde um ano depois fui morar em SP, e consegui projeção dentro do mercado brasileiro.
Agora depois de 30 anos, consigo sozinho um novo produto dentro desse universo chamado surf, encontrei uma forma de laminar pranchas com resina vegetal, ela é biodegradável, mas sustentável, ou seja, ela é muito durável, e vem de um vegetal.
Ela segue hoje a tendência do mercado mundial para os produtos ecológicos, e por conta de meu conhecimento em pranchas EPS, com mais de 10 mil pranchas feitas, consegui um feito inédito, fiz parte das duas transições de pranchas de surf no Planeta. O pilar de minha prancha e’ o know how em ter o melhor EPS e a melhor combinação de tecido na laminação.
Claro que a mídia especializada nunca vai admitir isso, pois nunca fui chamado para falar sobre epoxi, e agora sobre resina vegetal, mas o importante é que fiz parte das duas mudanças no mercado de pranchas no mundo, e meu know how em tudo isso me coloca a frente de qualquer shaper.
Ainda estou estudando uma forma de isso chegar ao mercado com outros shapers, acho importante o surf se livrar desses produtos químicos.” conta Márcio Ferminio
Gostaria de um de frun boas
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