27 de julho de 2024

Petrobras diz que óleo que atingiu Nordeste não é do Brasil

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Manchas do óleo despejado no mar já atingiram 105 praias, de 48 municípios, em oito estados

Com causa indefinida até o momento, uma mancha de petróleo cru de um tipo que não é produzido no Brasil já atingiu mais de 2 mil quilômetros do litoral do Nordeste. As manchas do óleo despejado no mar já atingiram 105 praias de 48 municípios em oito Estados e se aproximavam do Pará, na Região Norte do País, na tarde desta quinta-feira, 26. O poluente afeta a fauna e causa um desastre ambiental de consequências ainda não totalmente avaliadas.

A coordenadora de Emergências Ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirillo, afirmou tratar-se de um acidente sem precedente no Brasil, por causa da grande extensão. O Ibama diz que o composto não é fabricado no Brasil, com base em análise da Petrobras.

Constatou-se até agora a morte de seis tartarugas-marinhas – outras três sobreviveram – e uma ave, mas a fauna atingida pode ser maior. Conforme a bióloga Liana Queiroz, do Instituto Verde Luz, um boto foi achado morto na Praia de Iracema, em Fortaleza, e muitas tartarugas com vestígios de óleo acabaram devolvidas ao mar. Liana citou a hipótese de que o óleo seja proveniente de depósitos de petróleo cru atingidos pelo furacão Dorian nas Bahamas.

Já o professor Marcus Silva, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), acredita que o óleo seja proveniente de lavagem de tanques de navios no oceano, em ponto distante da costa. “Nesta época, o vento flui do sudeste para noroeste e pode estar empurrando as manchas do mar para a terra. Acho muito improvável que o óleo tenha vindo das Bahamas ou de outro local daquela região, pois o padrão de circulação dos ventos não favorece esse deslocamento.”

Além disso, dois barris de óleo foram encontrados na costa sergipana, o primeiro em uma praia no município da Barra dos Coqueiros, litoral norte, e o outro na Praia Formosa, na zona sul da capital. Uma força-tarefa com equipes de meio ambiente locais, Ibama e Marinha monitoram a costa. O barril encontrado na barra estava aberto e a suspeita inicial é de que não tenha sido trazido pelo mar, mas sim colocado ali.

Se o responsável por qualquer despejo for identificado, mesmo que seja estrangeiro, poderá ser multado em até R$ 50 milhões, com base na Lei 9.605/1988, que pune condutas lesivas ao meio ambiente. Terá, ainda, de responder pelo crime ambiental.

Turismo fica prejudicado na região

O óleo mancha cartões-postais do Nordeste, como a Praia do Futuro, no Ceará, e Maragogi, em Alagoas, e deixa o setor turístico em alerta. “Como atrair visitantes para uma região que está sendo afetada por uma substância química?”, indagou o presidente da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo, Elzário Pereira.

Já a CVC, uma das principais operadoras do País, informou que seu Centro de Controle Operacional não registrou queixas e destacou que consequências como cancelamentos só devem ocorrer a médio prazo. Na mesma linha foram órgãos públicos de turismo consultados pela reportagem em Pernambuco, Maranhão e Sergipe.

No entanto, Marcos Barbosa, proprietário de um restaurante de Pirambu, em Sergipe, onde o óleo chegou nesta semana, já vê problemas. “Desde quando começou a aparecer a mancha, reduziu em 70% o fluxo de turistas.” Funcionária de um hotel na Barra de São Miguel, na Grande Maceió, outra área afetada, Deyse Marinho indica que a insatisfação de clientes cresceu após ida às praias. “Mas a expectativa é de que esse tipo de acidente não ocorra mais e sejam sanados os problemas.”

Fonte: Exame.

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