17 de outubro de 2024

Aumento do número de resgates serve de alerta para quem faz trilhas em SC

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Pântano do Sul. Foto: Maiembipe Turismo.

Ocorrências de salvamento em área de mata teve crescimento de pelo menos 36% na temporada de verão em relação ao mesmo período do ano passado

Não basta ter vontade. Fazer trilha exige planejamento e segurança para garantir que a experiência não se torne um perigo. Entre as duas últimas temporadas de verão, o número de salvamentos, resgates e buscas em áreas de mata, trilhas e costões teve aumento em Santa Catarina.

De outubro de 2018 até o início de março de 2019, foram registradas 2.639 ocorrências em território catarinense, 36% a mais em comparação com a temporada anterior, quando ocorreram 1.940 casos, conforme o Corpo de Bombeiros Militar do Estado.

Por isso, é preciso se programar. A primeira coisa a ser observada antes de fazer uma trilha é o grau de dificuldade. Algumas delas requerem certo nível de condicionamento físico, que deve ser levado em conta na hora de escolher o trajeto, sobretudo quando a região é desconhecida.

O guia de turismo Geovane Altair da Silva organiza excursões em trilhas e cânions em diferentes regiões do Estado. Ele conta que muitos interessados em fazer a atividade não têm experiência.

Muitas pessoas que não são acostumadas sequer a fazer caminhadas mais extensas às vezes querem fazer a trilha, mas é preciso ter atenção. Muitos vêm sem ter noção da dificuldade do trajeto, e a gente sempre tem que estar orientando“, comenta Geovane.

Silva acrescenta que é preciso conhecer e respeitar o preparo físico e técnico exigido no percurso, sobretudo para evitar acidentes. Ele costuma categorizar o nível de dificuldade das trilhas em uma escala de 1 a 10, em ordem crescente.

Por essa razão, Silva ressalta que é importante respeitar a recomendação do guia em relação ao que cada trilha exige.

Necessidade de preparo prévio

Lagoinha do Leste. Foto: Meiembipe Turismo & Aventura.

A trilha do Rio do Boi, na Praia Grande, no Litoral Sul do Estado, e a Rota das Cachoeiras, em Corupá, no Norte, estão entre os locais que a arquiteta Maynara Mariano, de 30 anos, teve a oportunidade de conhecer. Para ela, quem decide fazer uma trilha precisa ter consciência do que poderá enfrentar.

Não é um passeio, não é algo tranquilo, só para apreciar. É uma experiência que exige preparação prévia e toda uma estrutura para garantir a segurança de todos“, afirma.

Ela planeja conhecer outros lugares, mas diz que, se dependesse da primeira experiência, possivelmente a vivência como trilheira acabaria ali. Maynara conta que, quando tinha 15 anos, foi fazer uma trilha no Cambirela, em Palhoça, com outras 20 pessoas, com idade entre 18 e 19 anos.

Em determinado ponto do trajeto, metade delas acabou se perdendo após o grupo ter que fazer um desvio. O trajeto era orientado por uma pessoa que já tinha feito a trilha, mas que não era guia de turismo, segundo Maynara.

“Nenhum dos participantes tinha experiência. Fomos andando para procurar o caminho correto e em um momento ficou difícil de subir. Um garoto escorregou e, ao se pendurar em um bambu, acabou derrubando uma menina, que ficou desacordada. Ela desmaiava e voltava. Na época, não tinha celular, por isso não conseguimos pedir ajuda”, lembra.

A trilha começou no início da manhã e terminou no fim da tarde, quando o grupo encontrou um caminho de volta. Só então a colega de Maynara foi levada ao hospital.

Para ela, a falta de preparo resultou na experiência ruim, já que o grupo não tinha levado mantimentos nem água suficiente para concluir o trajeto.
Hoje em dia eu não faço mais trilha sem que tenha um guia experiente junto, porque é muito importante ter conhecimento e equipamentos adequados. A gente nunca sabe o que pode acontecer“.

Confira as orientações para fazer trilhas

• Não é recomendável entrar no mar próximo a costões, pois é nesses locais, junto às pedras, que se formam correntes de retorno. Se for subir no costão ou em uma trilha próxima, é preciso evitar ao máximo chegar perto da água.

• Mantenha-se sempre atento ao mar, à ondulação, e fique distante dela. Nunca pule de costões em direção à água, pois não há como saber o que tem embaixo.

não esqueça de levar:

• Isqueiro, fósforos e, se for possível, uma pederneira — ferramenta utilizada para fazer fogo;

• Faca multiuso;

• Casaco e uma capa de chuva descartável, independentemente da condição climática. Eles serão muito importantes em caso de mudança no tempo;

• Comida, água, protetor solar,

repelente, boné ou chapéu.

• Roupas leves e de cores vibrantes, pois cores neutras se camuflam na mata;

• Medicamentos básicos;

• Lanterna, GPS e relógio com pilhas extras;

• Calçado adequado e confortável. Nunca faça trilha com um sapato novo, sandálias ou chinelos, pois certamente dificultarão a locomoção em meio à mata.

Saiba que fazer se tiver problemas ou se perder:

• Não saia andando desesperado, pois isso deixará você ainda mais desorientado.

• Procure uma área com sinal de celular para acionar o socorro. Ligue para o 193. Se for possível usar o 3G ou o 4G, envie a localização aos bombeiros por meio de aplicativo de mensagem. Isso ajudará na hora da busca.

• Após conseguir contato com os bombeiros, mantenha-se atento ao telefone, pois é por meio dele que as equipes de resgate estabelecerão um canal de comunicação para adiantar os trabalhos de busca.

• Caso seja necessário o resgate com helicóptero, procure um local aberto onde seja possível avistar o céu.

• Acene com algum pertence de cor vibrante, gere fumaça (só tome cuidado para não causar um incêndio florestal) e aguarde o bombeiro que fará o resgate. Ele provavelmente irá ao seu encontro descendo de rapel do helicóptero.

Fonte: NSC

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