O ELO PERDIDO DO SURFE – CAPÍTULO 3
Cachorrão da Mole fareja o Elo Perdido do Surf
Tanto na Ilha de Páscoa, Mangareva, Nova Zelândia, Hawaii, Ilhas Chatman e um sem fins de ilha distribuídas por toda a Polinésia a tradição de construção de balsas de madeira e junco se manteve até a chegada dos europeus. Os primeiros navegantes do mundo podem ter saído da costa sulamericana a mais de dez mil anos 10.000 anos AC.
Para nós surfistas, tudo bem saber de tudo isso! A história hoje contada por hawaianos e norte americanos, e aceita por toda a comunidade surfistica pelo mundo, é até interessante e recheada de emoção. Mas a pesquisa e o entendimento deste esporte pode ir muito mais além. E foi o que Cesar Silva, mais conhecido como ‘Cachorrão da praia Mole’, fez.
Cesar Silva, o ‘Cachorrão da Mole’ volta as origens
Seguindo o rito anterior, o mais impressionante foi o que César Silva, mais conhecido como Cachorrão da Praia Mole, evidenciou em duas expedições chamadas de “Volta as Origens”, realizadas pela costa do Pacífico Sul Americano.
São registros de inscrições rupestres, no meio do Deserto do Atacama, um dos lugares mais inóspitos do mundo, que não recebe chuvas há milhares de anos, e considerado Pàtrimônio da Humanidade pela Unesco. Além dos vários tipos de desenhos montados lá com pedras, alguns em especial, chamaram a atenção de Cachorrão.
Era a figura de um ‘balseiro‘, que assim mesmo era chamada, e que mais tarde, ao pesquisar em enciclopédias que retratam a história Andina, descobriu que elas estão lá há mais de 6 mil anos. E que algumas chegam a ter mais de 8 mil anos.
Recém descobertas, as Múmias de Chinchirro indicam mais evidências
Em outras recentes descobertas feitas por pesquisadores europeus e chilenos, há a de múmias, que estavam em tumbas próximas à cidade de Arica, no Chile, chamadas de Múmias de Chinchorro.
Os corpos e os artefatos, que ali estão enterrados, datam de quase 9000 anos, e que o povo vivia do mar. Mas a escavação revelou ainda algo muito mais surpreendente. Os 96 corpos enterrados em camadas tinham sido todos mumificados e são consideradas as múmias mais antigas do mundo.
Não seria inverdade se disséssemos que o surf é um dos esportes mais antigos do planeta, mesmo que naquela época, não fosse praticado, exclusivamente como lazer ou esporte, ou restritamente como trabalho de pesca profissional, já que, em pequenas embarcações de totora, se descarregava as embarcações maiores, que ficavam ancoradas depois da linha de arrebentação, e para isso, aproveitavam com habilidade a força das ondas para mais rapidamente chegarem em terra.
De uma cultura sulamericana a sua dispersão pelo mundo
Cesar Dal Molin, o Cachorrão da Mole, traz a tona uma hipótese real sobre o significado de apenas surfar. Ele, em sua expedição “Volta as Origens”, pode ter relacionado não só a prática inconsciente de um dos esportes mais difundidos ao redor do mundo hoje, e que ficou esquecido por algum tempo.
Após chegar ao Havaí, há séculos atrás, a sua essência natural, que data de milhares de anos antepassados, trazido da Polinésia, como descrito, bem como sua crença em que tais civilizações sul-americanas possam ter atravessado a Cordilheira dos Andes e chegado até nosso litoral brasileiro, e assim formado as primeiras comunidades indignas.
O Caminho de Peabiru e a incerteza da prática como lazer ou esporte
Mais que provado, já existe certeza no meio cientifico-histórico que o Caminho de Peabiru foi a rodovia pré-antepassada mais antiga já existente, onde os nativos sul-americanos faziam suas viagens em buscas de novas terras e novos horizontes. Esta ‘rodovia’ vai desde, Cusco, no Peru, até o litoral Sudeste e Sul do Brasil.
As imagens cravadas no meio do Deserto do Atacama, as múmias de Chinchorro, a tecnologia desenvolvida por aquelas civilizações, e as recentes descobertas, mostram que as civilizações sul-americanas antepassadas podem ter sido as mais antigas e desenvolvidas da história.
No limiar de tudo isso, podemos estar praticando um dos esportes que carregam as marcas históricas mais antigas e impressionantes do mundo. Afinal, quem poderá afirmar – ou negar – que estes antigos nativos da América do Sul não utilizassem desta técnica como lazer, ou até mesmo um esporte, como de certa forma, era praticado no Hawai, cultuando divindades no século 19. E até hoje é assim.